a.b.c.d.e.f.g.h.i.j.k.l.m.n.o.p.q.r.s.t.u.v.w.x.y.z

exposição individual
Galeria Pedro Oliveira . Porto
24 de Janeiro — 17 de Março.




Os trabalhos que se apresentam nesta exposição confrontam convenções e sistemas lógicos, com formas e materiais de carácter indefinido ou variável.
Privilegiando as características físicas dos materiais, bem como a relação que estabelecem com o suporte, faz-se uso da ordem imposta pelo alfabeto ou pela geometria, para organizar e categorizar as diferentes figuras e impressões que constituem os desenhos, em composições que ecoam princípios minimalistas.
Assim, temos desenhos cujo “tema” se reduz àquilo que o material por si só oferece, normalizado ou conformado pela geometria (aqui usada com a função de situar e tornar manifesta a materialidade investida na composição).
Desenhos, em que são convocadas as forças autogeradoras da própria técnica, a que fica entregue a responsabilidade de efeitos imprevisíveis — zonas de maior concentração de pigmento, filigranas em que a cor se decompõe noutros tons através de um lento processo de sedimentação.
E desenhos onde se propõe que as formas representadas, fragmentos e manchas informes, ganhem equivalência a signos precisos, passíveis de nomear e com uma ordem determinada.


A geometria, aparece na forma de quadrícula e serve novamente para estriar algo que podia ser liso, para gerar uma geografia e norma com base na qual se podem estabelecer relações entre os diversos elementos. Esta grelha surge sob figuras informes e cuja aparência terá sido negligenciada, e faz-se regra capaz de lhes trazer ordem e de nos munir de ferramentas para uma melhor compreensão da sua escala e do seu carácter.
De forma equivalente, o alfabeto, tratando-se de uma convenção, é aqui também usado enquanto sistema capaz de organizar e tornar ordenado o que não é de uma qualquer ordem. Enformar o informe. Tomando o alfabeto como título, propõe-se que todos os elementos aqui apresentados possam ser vistos através do filtro lógico que referencia. Sugerindo que pedaços sem forma reconhecida possam igualar-se em valor a caracteres que sabemos gerir e organizar. Propõe-se, assim, uma espécie de recuo perante este sistema já enraizado, insinuando a possibilidade de substituir aqueles signos por outros informes.

Geometria e alfabeto são os sistemas convocados na instalação que dá nome à exposição, somando-se a manchas espessas e rugosas. Estas manchas, pedaços de couro de aparência irrepetível, são o efeito secundário, o resíduo, o que sobra de acções com objectivo preciso sobre a outra “parte”, aquela que falta, que se lhe retirou e a que não temos acesso. A forma destes pedaços não foi prevista nem cuidada, eles são apenas o dejecto e consequência de uma outra acção.



Poster da exposição.

























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